EXPOSIÇÃO VISUAL ABRE TEMPORADA DE COMEMORAÇÕES DO ANIVERSÁRIO DE SÃO JOSÉ DO VALE DO RIO PRETO

No próximo dia primeiro, às 10h, a população de São José e cercanias está convidada a participar da abertura da exposição “Geometrografia: um olhar geométrico sobre as paisagens naturais da Região Serrana”, do artista plástico e gráfico Romulo Bandeira.

O evento acontece no Centro Cultural Dr. Eugênio Ruótolo Netto, localizado no bairro do Novo Centro, e permanece em temporada até o dia 15 de dezembro, data de aniversário da cidade.
“Este trabalho é fruto da minha experiência na região desde o início da pandemia. Quando toda essa instabilidade sanitária começou, eu estava fora do país e, ao retornar em caráter emergencial, resolvi me abrigar em um sítio da família da minha esposa, localizado na zona rural do município.

Lá permanecemos com nossos dois filhos por dois anos, em um ambiente totalmente protegido e inspirador, o que aliviou um pouco todo o temor sentido pelo mundo durante o período. Dessa experiência acolhedora nasceram os primeiros experimentos da obra”, conta o artista, que atualmente ainda reside em São José. “Depois desses primeiros dois anos, resolvemos nos mudar para a cidade e, novamente, fomos recebidos com acolhimento e boa vontade pela população.
A partir daí, entendi que precisava realizar algum projeto cultural em São José, não só em agradecimento mas também em referência a esta paisagem natural imponente e inspiradora que é a Mata Atlântica, seus recortes e bioma”, explica.

A oportunidade veio através de um dos editais lançados pelo Governo do Estado do RJ para a Lei Aldir Blanc. “Quando o edital Retomada Cultural 2 foi lançado, entendi que era a conexão que facilitaria o processo”, continua Romulo. Aprovado na linha de apoio para a comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil, em 2022, a exposição faz referência a uma das regiões que encantou a família real, sendo hoje reconhecida como morada de veraneio dos Orleans e Bragança.

“Diante deste fato, imerso em um ano que ao mesmo tempo celebrava uma independência conquistada às avessas e vivenciava um período político de extremismos, entendi que era necessário refletir sobre o significado da nossa História, olhando para o passado da forma mais científica possível, sem romantismo”, reflete o artista.

De fato, a Independência do Brasil contém idiossincrasias capazes de explicar as profundas cicatrizes sociais que permanecem no país até hoje. “Quem observasse o Brasil em 1822 teria razões de sobra para duvidar de sua viabilidade como nação independente e soberana. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulators, índos ou mestiços.

Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia à margem de qualquer oportunidade de uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro”, explica o historiador Laurentino Gomes em seu livro “1822 - Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado.
“Entender as condições do império em 1822 nos ajuda a refletir sobre o Brasil que temos hoje e no país que queremos ter no futuro.

A disparidade social gritante de hoje começou a ser construída naquele Brasil lá de trás, invadido e colonizado como território de exploração.
Quando a Independência foi declarada, ela chega em um país falido com profundas fendas resultantes de um sistema imposto 300 anos antes. Não podemos mudar o passado, mas olhar para ele nos ajuda a planejar um futuro mais assertivo. A arte é a minha bandeira e é por meio dela que estou fazendo isso nesse momento”, reflete o artista que, por ironia, possui “Bandeira” em seu sobrenome.

A paixão de Romulo Bandeira pela natureza e seu interesse em desenhá-las a partir de formas geométricas não vêm de agora. Há pelo menos cinco anos o artista experimenta geometrizar formas naturais em diferentes cidades do Brasil e do exterior. “Eu já trabalhava nesta linha de pesquisa, mas durante o isolamento social ocasionado pela pandemia da Covid-19, imerso em um sítio que fica a 30 minutos da cidade mais próxima, convivendo com animais silvestres na porta de casa, presenciando dias de tempestades amedrontadoras e outros de calor escaldante, observando diariamente a lua e as plantações e seus ciclos, tive a oportunidade de aprofundar este estudo intensamente durante dois anos”.

As 12 obras selecionadas para a exposição são parte de um estudo que contém mais de 100 imagens, entre esboços, teses, gravuras, colagens e pinturas à mão. “A seleção das obras acompanha esse histórico de construção e desconstrução das perspectivas geométricas sobre as paisagens geográficas da região”, revela.

O projeto “Geometrografia: um olhar geométrico sobre as paisagens naturais da Região Serrana” permanece em São José do Vale do Rio Preto de 01 a 15 de dezembro, circulando depois por outras cidades do estado do RJ. Além da exposição, o projeto prevê a realização de oficinas de artes plásticas para alunos da rede pública de ensino, rodas multidisciplinares de conversa e a produção de um filme sobre a exposição e seus desdobramentos.

EXPOSIÇÃO

Geometrografia: um olhar geométrico sobre as paisagens naturais da Região Serrana De 01 a 15 de dezembro de 2022
No Centro Cultural Dr. Eugênio Ruótolo Netto
R. Alfredo Jacinto Franco, 80 - Novo Centro, São José do Vale do Rio Preto
Evento de abertura: dia 01 de dezembro, às 10h

Entrada Gratuita

Data de publicação: 30/11/2022

Compartilhe!